domingo, 11 de março de 2012

O CAMINHO DO ADVOGADO

       Ao completar 28 anos de profissão, enquanto aguardava pacientemente uma audiência, iniciei este artigo com um questionamento: qual o caminho do advogado?

   A pergunta veio em minha mente, ao ver o foro judicial lotado, com partes e procuradores amontoados e aguardando a hora de ingressar na sala de audiências, muitas delas apenas para tentativa conciliatória.

   Verificando a pauta, deparamo-nos com audiências marcadas em intervalos de 5(cinco) minutos, entre instruções e iniciais, humanamente impossíveis de serem cumpridas a tempo e que levam o jurisdicionado e procuradores a permanecerem inertes, quando poderiam estar produzindo, gerando riquezas e desenvolvimento.

   O caminho visto neste retrato é o da paciência e desperdício de tempo e dinheiro.

   Por outro lado, hoje no Poder Judiciário, independente do foro em que se atua, não raras as vezes encontramos servidores e Magistrados desmotivados, cansados, como quem aguarda o passar das horas, o cumprimento da pauta diária e a aposentadoria.

  Constatamos que o tempo perdido nos foros aguardando audiências marcadas sem um mínimo de critério e respeito para com as partes e Advogados, deveria ser gasto produzindo, no cumprimento dos prazos, atendimento à sociedade que busca na figura do Advogado sua tábua de salvação, diante de seu direito violado.

  Cada vez mais ao Advogado são atribuídas novas obrigações, muitas delas de caráter burocrático, não bastando a necessidade de concentração, estudo e desenvolvimento de sua inteligência na elaboração de peças processuais, com a defesa dos interesses de seus clientes.

   Hoje, o Advogado deve peticionar eletronicamente, e para isso deve adequar-se aos diversos sistemas dos Tribunais, tais como PROJUDI, E-PROC, E-DOC, PETICIONAMENTO ELETRÔNICO JUNTO AO ESCRITÓRIO DIGITAL (Justiça do Trabalho).

   Precisa investir em estrutura física para o armazenamento e organização dos arquivos eletronicamente baixados ou protocolados, pois é de sua responsabilidade não somente o cumprimento dos prazos, mas sim, muitas vezes, a prova de que foram cumpridos a tempo.

   Todos os dias, o Advogado deve sorrir para seus clientes, não demonstrando sua aflição quanto aos prazos e audiências demoradas, pois quando o contrata, o faz para solução de seus problemas e não para ficarem ainda mais angustiados.

    Igualmente, devemos lealdade para com a outra parte, ao Juízo e fundamentalmente para com a ética, embora nem sempre tenhamos respeitados princípios fundamentais durante o processo, ou mesmo uma contrapartida.

   Advogar é lutar sempre, cotidianamente, nunca se entregando. Lutar para convencer o Juízo do direito postulado, lutar para ser respeitado como profissional, lutar junto as secretarias dos foros para que o cumprimento célere dos atos processuais, lutar para que a prova que pretenda produzir seja ao menos permitida sua produção, lutar para explicar ao seu cliente as contradições do judiciário em uma linguagem didática, lutar contra as injustiças e desrespeitos sofridos por uma minoria de serventuários e Juízes que insistem e obstaculizar a divergência de pensamento, visão e interpretação do direito processual e material.

   Algumas vezes esquecem que Advogados(as) possuem família, precisam dedicar parte  de seu tempo a saúde, lazer, filhos e conjuge e que, devido aos atrasos nos cumprimentos dos prazos e burocracia nos protocolos, são solapados, com enormes prejuízos às suas vidas.

   Então qual o caminho a seguir?

   Precisamos unificar e simplificar procedimentos judiciais, na mesma medida em que devemos enxergar nas partes, Juízo, procuradores, serventuários, seres humanos imperfeitos, mas com objetivos distintos e que merecem atenção, não para concordar, mas ao menos ser ouvido e ter o direito de se posicionar, sem arbitrariedades.

   Precisamos unificar os sistemas de peticionamento eletrônico e procedimentos quanto a apresentação de peças processuais em Juízo, bem com definir pauta de audiências condizentes com a realidade, sabedores de que partes e procuradores que aguardam nos foros, têm seus afazeres e precisam produzir para um país mais justo e humano.

   Enfim, o caminho é o da VALORIZAÇÃO DO ADVOGADO e do JURISDICIONADO, na mesma medida que os integrantes do Poder Judiciário, com uma visão humanista e não excessivamente técnica.

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